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Na dimensão política será lembrada não apenas a militância da juventude, mas igualmente do intelectual maduro que entendia a produção cultural como uma manifestação política, latu sensu. Nos ensaios de fôlego, na produção jornalística, na ficção derrisória, nunca excluiu a arena política do horizonte.

O escritor sofisticado, amante dos oxímoros, era capaz de lances dramáticos, em que deixava o curso do pensamento em suspenso enquanto elaborava uma narrativa em paralelo, aparentemente uma digressão, que, no entanto, tinha alvo certo: a conquista do leitor. Praticou diversos gêneros literários com grande proficiência – texto de combate, artigos, ensaio, obra de formação, de respiração compassada, ficção com humor e fina ironia.

Como crítico, além da destreza na escrita, empregou grandes esforços na investigação dos temas, títulos e cineastas e traçou percursos relativos ao cinema brasileiro, oferecendo diagnósticos que servem de norte para gerações seguintes.

galeria_13A docência, a irradiação da personalidade, a ação do professor, do formador, era atributo natural de Paulo Emílio, que vivia cercado de jovens, na Universidade, na Cinemateca, em sua casa. Seu método era o da sugestão e do engajamento pessoal. Paulo Emílio introduzia comentário pessoal em tudo o que fazia e escrevia, o que dava um sabor especial aos seus escritos, que ganhavam em credibilidade e força de persuasão. Por último, a homenagem não ficaria completa se não abordasse a dimensão física, o carisma, o encanto e a fúria que conviviam nessa personagem.

galeria_30 Iniciativa do Instituto de Políticas Relacionais, da Cinemateca Brasileira e do CINUSP, a homenagem a Paulo Emílio Sales Gomes é composta por mostras cinematográficas, cursos, debates e seminários e acontece em diversos espaços da cidade de São Paulo: o Itaú Cultural, o CineSESC, o Centro de Pesquisa e Formação do SESC. Para dar ao público a oportunidade de entrar em contato com a produção de Paulo Emílio, as referências que o cercavam e seu legado.

A programação se encerra em dezembro com a mostra Clássicos e Raros na Cinemateca Brasileira. Ainda como parte das celebrações, a instituição recebe no dia 03 de dezembro (sábado) o lançamento do livro “Uma situação colonial?” de Paulo Emílio, pela Companhia das Letras, e a estreia do curta-metragem Festejo muito pessoal, de Carlos Adriano.

Para mais informações, acesse o site: www.cinemateca.gov.br/100pauloemilio

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